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Feliz ano-novo

Braulio Tavares

escritor, poeta, autor de ficção científica, colunista de jornal; músico, compositor, intérprete; teatrólogo, diretor, roteirista de espetáculos musicais, roteirista de cinema e TV; estudioso e pesquisador da cultura popular

assina uma coluna diária no Jornal da Paraiba, onde
o texto "Feliz ano-novo" foi publicado em 31 de dezembro de 2004


Livros disponíveis:
– A máquina voadora (Rocco / ed. Caminho)
– A espina dorsal da memória (Rocco / ed. Caminho)
– Mundo fantasmo (ed. Caminho)
– A Pedra do Meio-Dia ou Artur e Isadora (ed. 34)
– O Anjo exterminador (Rocco)
– Páginas de Sombra, Contos Fantásticos (Casa da Palavra)
– Como Enlouquecer um Homem: as Mulheres Contra-Atacam (ed. 34)
– O Homem Artificial (7 letras)

textos na internet:
Cais do corpo
www.redutoliterario.com.br
poema da buceta cabeluda
www.utopia.com.br

entrevistas na
nordesteweb

e na
paraiba.com.br


Não peça nada a Deus. Seria um contra-senso Deus fazer algo por você. Digamos que o Mundo estava com problemas, pediu a Deus que mandasse algum tipo de ajuda, e Deus mandou você. Agora, é entre você e o Mundo. Te vira, véi.

Não peça nada ao Destino. Esta é uma grave contradição filosófica, daquelas de fazer Aristóteles se revirar na tumba. “Destino” é um futuro que já aconteceu, que não pode mais ser modificado. Não perca seu tempo.

Não peça nada ao Acaso. O Acaso é quem governa este Universo, e é da natureza dele não escutar pedidos, mas aceitar interferências. Interfira, aja, interrompa, redirecione, transforme. O Acaso agradece.

Não peça nada aos Santos. Santo não é quem toma providências: quem toma providências é médico, bombeiro, mecânico, assistente social... Santo é quem sofre sem se queixar. Deixe que sofram em paz.

Não peça nada ao Governo. O Governo é um brontossauro de cinqüenta patas e trinta pescoços, caminhando aos trancos e barrancos através da jângal antediluviana. Esperar dele alguma coisa que se aproveite equivale a subir pela sua cauda e ir morar numa choupana em seu dorso, tentando convencê-lo a seguir no rumo desejado. Esquece. Melhor ir a pé.

Não peça nada aos Bancos. Por definição, Bancos só dão remédio a quem vende saúde, só mandam marmitas gratuitas para os donos de restaurantes, e só oferecem absolvição espiritual aos cardeais do Vaticano.

Não peça nada às Autoridades. Autoridades são programadas apenas para obedecer ordens. Ou você tem cacife pra já chegar falando grosso, ou então é melhor deixar pra lá.

Não peça nada à Mídia. A Mídia acha que o anonimato é contagioso, e que a Fama também. Olhe pra trás, e veja se ela está indo no seu rastro ou não. Problema dela.

Não peça nada à Sorte. Sorte foi feita pra gente abrecar pela abertura, encostar no canto da parede, e dizer a que veio. Se você tiver pegada, a Sorte se derrete todinha.

Não peça nada à Humanidade. Ofereça e faça antes que ela peça. Existe no Universo uma Lei de Conservação da Energia Psíquica. Mais cedo ou mais tarde alguém fará o mesmo com você.

E pronto. Feliz ano-novo, bibibi, bobobó. Vá à luta, meu camaradinha. Tá olhando o quê?

© Braúlio Tavares 2004 / 2005


nova cultura (issn 1439-3077) www.novacultura.de
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