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Das schöne fest, mann

o muro I
hanno balitsch não saiu de casa depois do anúncio da conferência de imprensa. vivia em berlim oriental e não saiu de casa. ouvia a correria nas escadas, a gritaria nas ruas, o entusiasmo electrizante no ar. hanno não saiu de casa, de rádio e televisão desligadas, a tentar esquecer-se do mundo. não o assustava a liberdade. assustava-o o fim da vida como a conhecia. e isso, para hanno balitsch, aos cinquenta e oito anos, era inaceitável.

hanno balitsch ging nach der pressekonferenz nicht aus dem haus. er lebte in ostberlin und ging nicht aus dem haus. er hörte das gerenne im treppenhaus, die ruferei auf den straßen, die elektrisierende begeisterung in der luft. hanno ging nicht aus dem haus, ließ radio und fernsehen aus, versuchte, die welt zu vergessen. nicht die freiheit erschreckte ihn. ihn erschreckte das ende des lebens, wie er es kannte. und das war für hanno balitsch mit seinen achtundfünfzig jahren unzumutbar.

o muro II
daniel haas, sentado em cima do muro, olhava o ar radiante da multidão a correr em direcção a berlim ocidental. algumas dessas pessoas experimentaram, pela primeira vez, coca-cola, alguma droga, a paixão desenfreada da liberdade. daniel haas, sentado em cima do muro, guardou três ou quatro pedaço de pedra, e voltou a berlim oriental, onde se apercebeu que o seu café de todos os dias estava encerrado. começou nesse momento, para daniel, o pagamento do terrível preço da liberdade. berlim oriental morta.

daniel haas sah, auf der mauer sitzend, die begeisterung der menschenmenge, die richtung westberlin rannte. manche dieser menschen probierten zum ersten mal coca-cola, irgendwelche drogen, die ungezügelte leidenschaft der freiheit. daniel haas saß auf der mauer, steckte sich drei oder vier steinbrocken ein und ging nach ostberlin zurück, wo er bemerkte, dass sein stammcafé geschlossen war. in diesem moment begann daniel den grässlichen preis der freiheit zu zahlen. ostberlin war tot.

o muro III
para alexander meyer, estudante de português em leipzig no ano de 1989, há uma canção de chico buarque que explica tudo. "foi bonita a festa, pá", repete ele a quem o queira ouvir falar da alemanha unificada. o que acontece é que a antiga rda é, como agora em tempos de crise, quase um "imenso portugal". desemprego e pobreza, abandono e esquecimento. alexander meyer não tem saudades das políticas de outrora, mas para ele custa-me a realidade de hoje. e muitas vezes ainda procura um novo muro, para que ele o possa saltar e começar a festa de novo. a festa bonita, pá.

für alexander meyer, portugiesischstudent aus leipzig im jahr 1989 ist ein lied von chico buarque die erklärung für alles. "schön war das fest, mann", singt er jedem vor, der etwas über das vereinigte deutschland erzählt haben möchte. die frühere ddr ist heute, in zeiten der krise, so eine art "riesiges portugal". arbeitslosigkeit und armut, leerstand und vergessen. alexander meyer sehnt sich nicht nach der politik von früher, er leidet an der realität heute. und oft sucht er nach einer neuen mauer, um sie zu überspringen, damit das fest von neuem beginnt. das schöne fest, mann.


Luís Filipe Cristóvão (09.11.2009)

http://luisfilipecristovao.blogspot.com/
Übersetzung: Michael Kegler