angola . brasil . cabo verde . guiné-bissau . moçambique . portugal . são tomé e príncipe . timor lorosae

Marcos António da Fonseca Portugal

Marcos António da Fonseca Portugal recebeu educação musical no Seminário da Patriarcal em Lisboa onde entrou com a idade de 9 anos. Foi aluno do insigne João de Sousa Carvalho e revelou bastante jovem ainda notável talento para a composição, tendo escrito com 14 anos de idade um »Misere«, a sua primeira obra, à qual se seguiram várias missas, motetes, salmos e outras obras religiosas. Estuda também canto e orgão no mesmo Seminário, e em 1783 é admitido na »Irmandade de Santa Cecília« sendo já cantor e organista da capela da Patriarcal.

Em 1785 dirige o »Teatro do Salitre« e dedica-se preferencialmente à música dramática, fazendo representar naquele teatro peças musicais de sua autoria. Também nos primeiros números do »Jornal de Modinhas« publica composições suas deste género tão apreciado na época. Alcança assim tal prestígio que obtém uma bolsa régia para aperfeiçoar a sua arte em Itália, instalando-se em Nápoles. Logo em 1793 apresenta ao público as suas primeiras óperas italianas, e nos oito anos que permaneceu em Itália foram representadas em toda a Península inúmeras óperas, sérias e cómicas, de sua autoria. Algumas destas alcançaram um êxito que se estendeu para fora das fronteiras italianas, tendo sido representadas em Dresden, Viena, Paris, Hamburgo, Londres e São Petersburgo.

Em 1800 regressa a Portugal e é nomeado regente da Capela Real e do Teatro de São Carlos, compondo expressamente para esta casa a ópera Adrasto, ré d´Eggito.

Em 1807 a côrte portuguesa instala-se no Brasil fugindo à invasão napoleónica. Para celebrar a convenção de Sintra e a retirada das tropas francesas do País compõe com Leal Moreira, também prestigiado músico e seu cunhado, um Te Deum. E para comemorar o aniversário natalício do rei D. João Vi dedica-lhe uma cantata que foi executada no Teatro de São Carlos em Maio de 1809, cujo final era um hino que com o título de Hino do Príncipe ou Hino de D. João VI se tornou o hino oficial português até 1834.

Em 1811 Marcos Portugal resolve juntar-se à família real portuguesa e parte para o Rio de Janeiro, onde foi muito bem acolhido pelo monarca que o nomeia mestre da capela real e músico da côrte. Para a inauguração em 1813 do »Teatro de São Joao« daquela cidade, do qual naturalmente era ele o seu director, escreveu a peça O Juramento dos Nunes. Durante a permanência na côrte portuguesa no Brasil, portanto até 1821, apenas escreve obras de música religiosa destinadas ao servico da capela real.

Em 1811 tinha sofrido um acidente vascular cerebral ao qual se seguiu um segundo em 1817. O seu debilitado estado de saúde não lhe permite regressar com a familia real para Portugal. Doente, sem honrarias, pobre e esquecido, é acolhido por uma velha fidalga, a marquêsa de Aguiar, em cuja casa veio a falecer. Foi sepultado no Convento de Santo António no Rio de Janeiro. Em 1931, por iniciativa do Barão de Porto Alegre, os seus restos mortais são encerrados numa urna que é enviada para Portugal, sendo solenemente depositada na cripta da Igreja de Santa Isabel em Lisboa, onde tinha sido baptizado.

Marcos Portugal deixou-nos uma vasta obra, da qual se contam entre outras vinte e uma óperas sérias italianas, catorze burletas e farsas italianas, quinte entremeses e farsas portuguesas, nove cantatas e hinos, árias, duetos, etc., três missas com orgão, duas missas com orgão obligato, uma missa com seis orgãos obligato, uma missa breve, uma missa com piano, um Reqiuem, quatro Te Deum com orquestra, um Te Deum com cinco orgãos obligato, vésperas, salmos, matinas, etc., etc.

Otto Solano, Dezembro 2012

***

Marcos António da Fonseca Portugal erhielt seine musikalische Ausbildung in der Priesterschule der »Patriarcal« (Kirchlicher Amtsbezirk) in Lissabon, in die er im Alter von 9 Jahren eintrat. Er wurde Schüler des berühmten João de Sousa Carvalho und zeigte schon in jungen Jahren ein bemerkenswertes Talent für die Komposition. Mit 14 Jahren schrieb er sein erstes Werk, ein »Misere«, und es folgten verschiedene Messen, Motetten, Psalmen und andere kirchlichen Musikwerke. Er bildete sich auch in Gesang und Orgel und wurde 1783, als er bereits als Kantor und Organist tätig war, in die »Irmandade de Santa Cecília« (Bruderschaft der Heiligen Cäcilia) aufgenommen.

1785 wurde er Direktor des »Teatro do Salitre« in Lissabon und widmete sich daraufhin hauptsächlich der dramatischen Musik, die in seinem Theater aufgeführt wurden. Für die ersten Ausgaben des »Jornal de Modinhas« schrieb er auch zahlreiche Lieder, die in dieser Zeit sehr geschätzt waren. Als Lohn seiner Berühmtheit erhielt er vom portugiesisischen Königshaus ein Stipendium zur Erweiterung seiner musikalischen Ausbildung in Italien, und ging nach Neapel. Schon 1793 führte er seine ersten Opern vor italienischem Publikum auf. In den acht Jahren, die er auf der Halbinsel verbrachte, wurden im ganzen Land seine ernsten und komischen Opern veröffentlicht. Einige dieser Opern waren so erfolgreich, dass sie auch im Ausland Anklang fanden, etwa in Dresden, Wien, Paris, Hamburg, London und Sankt Petersburg.

1800 kehrte nach Portugal zurück und wurde Direktor der Königlichen Kapelle und des »Teatro de São Carlos«. Für dieses Theater komponierte er zweckbestimmt die Oper »Adrasto, ré d´Eggito«.

Von der napoleonischen Invasion bedroht, flüchtete das portugiesische Königshaus 1807 nach Brasilien. Als die französischen Truppen das Land verließen und die »Konvention von Sintra« unterschrieben wurde, komponierte Marcos Portugal zusammen mit dem berühmten Musiker Leal Moreira, seinem Schwager, ein »Te Deum« . Er widmete der Geburtstagsfeier des König Johann VI eine Kantate, die im Mai 1809 im »Teatro de São Carlos« gespielt wurde, und deren Schlusshymne danach mit dem Titel »Hymne für den Prinz« oder »Hymne für König Johann VI« bis 1834 offizielle portugiesische Nationalhymne war.

Marcos Portugal entschied sich 1811 nach Rio de Janeiro zu übersiedeln, um seine Verbundenheit mit der königlichen Familie zu betonen. Er wurde vom König freundlichst aufgenommen, der ihn zum Maestro der königlichen Kapelle und Hofmusiker ernannte. Für die Einweihung des »Teatro de São João« 1813 in Rio de Janeiro, dessen Direktor er fast selbstverständlich war, schrieb er das Stück »O Juramento dos Nunes« (Der Eid der Nunes). Während der Anwesenheit des portugiesischen Hofes in Brasilien, also bis 1821, schrieb er ausschließlich kirchliche Musik für die königliche Kapelle.

1811 hatte er bereits einen Schlaganfall erlitten. 1817 erlitt er einen zweiten Schlaganfall, so dass sein Gesundheitszustand es ihm nicht mehr erlaubte, mit der königlichen Familie nach Portugal zurückzukehren. Krank, ohne Ehrendienste, arm und in Vergessenheit geraten, wurde er von einer alten adligen Frau, der Marquise von Aguiar,  aufgenommen, in deren Haus er auch starb. Er wurde im Kloster von Santo António in Rio de Janeiro begraben. Auf Anregung des Baron von Porto Alegre wurden seine Gebeine 1931 in einen Sarg bestellt und nach Portugal geschickt, wo sie in der in der Krypta der Kirche von Santa Isabel in Lissabon, wo er auch getauft wurde, feierlich beigesetzt wurden.

Marcos Portugal hat uns ein umfangreiches Werk hinterlassen, zu dem man unter anderem einundzwanzig italienische Opern zählen kann, sowie vierzehn italienische Lustspiele und Farsen, fünfzehn portugiesische »entremeses« (Zwischenspiele) und Farsen, neun Kantaten und Hymnen, Arien, Duetten, etc., drei Messen mit Orgel, zwei Messen mit »obligater« Orgel, eine Messe mit sechs »obligaten« Orgeln, eine »Missa Brevis«, eine Messe für Klavier, ein »Requiem«, vier »Te Deum« mit Orchester, ein »Te Deum« mit fünf »obligaten« Orgeln, Vespern, Psalmen, Matutinen, usw.

Otto Solano, Dezember 2012

:músicos portugueses:


 

O número 5 da revista »Glosas«, publicação bi-anual do »mpmp - Movimento Patrimonial pela Música Portuguesa«, cujo lançamento juntamente com o primeiro cd da melographia portugueza – Sonatas de Carlos Seixas interpretadas por José Carlos Araújo, cravoGravação no histórico cravo Antunes (Museu da Música, Lisboa)- ocorreu no passado dia 19 de Maio de 2012 em Lisboa na Biblioteca Nacional, inclui vários artigos sobre o compositor Marcos Portugal, por ocasião da comemoração dos 250 anos do seu nascimento.


Bibliografia/Bibliographie:

 

Tomás Borba e Fernando Lopes Graça: Dicionário de Música. Edições Cosmos – Lisboa 1958

Jean-Paul Sarraute: Marcos Portugal – Ensaio. JMP – 1962

António Jorge Marques: D. João VI and Marcos Portugal; The brazilian period. University of Texas 2005

Manuel Pedro Ferreira, António Jorge Marques, Bárbara Villalobos, David Cranmer, Rejane Paiva: Preparação de edições críticas da música de Marcos Portugal incluindo um catálogo temático. Universidade do Rio de Janeiro, 2001

 

Discografia/Discographie:

Matinas de Natal. Responsorien 1-8
Ensemble Turicum.
Paraty 2009

Ópera »Le Donne cambiate«
City of London Sinfonia. Dir. Álvaro Cassuto
MP 2000

Ópera Rara. Recitativos e árias de diversas óperas
Soprano Yvonne Kenny
The Philarmonia Orchestra. Dir. David Parry
OR101 (3 CD`s) 1996

Abertura da ópera »Il Ducadi di Foix«
Orquestra Filarmónica de Lisboa
Dir. Manuel Ivo Cruz
Jorsom 1995

Abertura da ópera »La morte de Semiramide«
Orquestra Clássica do Porto. Dir. Meir Minsky
Koch-Schwann 1994

Ópera »Lo Spazzacamino«
Orchestra di Camera Milano Classica. Dir. Álvaro Cassuto
Dynamic 2002


:músicos portugueses:

em edições anteriores, otto solano já escreveu sobre

vianna da motta

carlos seixas

francisco de lacerda

luís de freitas branco

emmanuel nunes

antónio teixeira

antónio fragoso