angola . brasil . cabo verde . guiné-bissau . moçambique . portugal . são tomé e príncipe . timor lorosae

:músicos portugueses | músico do mês

Carlos Seixas (1704 – 1742)
Francisco de Lacerda

José António Carlos de Seixas nasceu em Coimbra a 11 de Junho de 1704 e possivelmente estudou música com seu pai, Fernando Vaz, organista da Sé de Coimbra, cargo para que estava designado como sucessor. Tendo porém ficado, com 16 anos apenas, orfão de pai e mãe, vai para Lisboa onde, devido à fama que já possuía apesar da sua juventude, foi nomeado organista da Patriarcal e da Capela Real, ascendendo mais tarde à dignidade de Vice-Mestre de Capela onde era mestre Domenico Scarlatti.

Este músico italiano, ao servico da Casa Real Portuguesa e professor de cravo do Infante D. António e da Infanta D. Maria Bárbara, teria considerado Carlos Seixas "um dos melhores músicos que teria ouvido" . Seja ou não verídica esta afirmação, podemos porém sem hesitação contar Carlos Seixas como o mais destacado compositor português de música de tecla. Não tendo sido bolseiro em Itália, como muitos outros músicos portugueses do seu tempo, e apesar da influência do mestre italiano nas suas obras para cravo, não deixou nas suas numerosas tocatas de “revelar uma certa inspiração de raiz nacional através de uma técnica e de uma escrita que, se não possuem a fluência e a consumada elegância scarlattianas, não deixam por isso de mostrar uma apreciável independência em relação aos seus preclaros modelos e, de uma maneira geral, em relação à música de tecla italiana da época” conforme argumenta Fernando Lopes-Graça no seu “Dicionário de Música”.

Devido talvez ao terramoto de Lisboa em 1755, não subsistem quaisquer manuscritos das suas composições, e causando a destruição da biblioteca musical do palácio real, pode igualmente ter sido responsável pela perda de numerosas peças de sua autoria. Das cópias que nos chegaram contam-se autenticadas 95 Tocatas ou Sonatas para instrumentos de tecla, um Concerto para cravo e orquestra de cordas em Lá maior, uma Sinfonia e uma Abertura, 10 obras corais sacras, Responsórios, o hino Tantum ergo, o salmo Dixit Dominus, e a Missa em Sol maior. Existe também um Concerto para cravo e orquestra de cordas em Sol menor de autor anónimo cuja autoria lhe poderá ser atribuída conforme a opinião do musicólogo e organista Gerhard Doderer, que devido a “elementos comuns tanto na parte formal como na parte temática (com o Concerto em Lá maior) crê estar estritamente ligado ao ambiente do mestre português”.

Carlos Seixas faleceu em Lisboa com apenas 38 anos de idade, vítima de um “reumatismo que degenerou em febre maligna”, segundo relata Barbosa Machado.

..........................................

José António Carlos de Seixas wurde am 11 Juni 1704 in Coimbra geboren. Es ist anzunehmen, dass er Musikunterricht von seinem Vater, Fernando Vaz, erhalten hat, der Orgelspieler am Dom von Coimbra war. Er war auch als dessen Nachfolger vorgesehen. Da Carlos Seixas im Alter von 16 Jahren Vollwaise wurde, siedelte er nach Lissabon um und wurde trotz seines jugendlichen Alters und wohl aufgrund seiner Berühmtheit zum Organisten der königlichen Kapelle und des „Patriarcal“ (kirchliche Amtsbezirk) ernannt, und später zum zweiten Kapellmeister nach Domenico Scarlatti.

Der italienische Komponist im Dienst des portugiesischen Königshauses und Cembalolehrer des Prinzen D. António sowie der Prinzessin D. Maria Bárbara sollte Carlos Seixas als „einer der besten Musiker, den ich jemals gehört habe“ gelobt haben. Unabhängig vom Wahrheitsgehalt dieser Aussage kann Carlos Seixas zweifellos als wichtigster portugisischer Komponist für Tasteninstrumente bezeichnet werden. Obwohl er, anders als viele andere portugiesische Musiker seiner Zeit, nie Stipendiat in Italien war und trotz des Einflusses seines italienischen Lehrmeisters auf seine Cembalo-Stücke, zeigen seine zahlreichen Toccaten „Wurzeln von nationaler Inspiration durch eine Technik und eine Schreibweise die, obgleich sie nicht die Leichtigkeit und eigentümliche Eleganz von Scarlatti besitzen, beachtliche Unabhängigkeit gegenüber den berühmten Vorbildern, und gegenüber der italienischen zeitgenössischen Musik für Tasteninstrumente im allgemeinen aufweisen", wie Fernando Lopes-Graça in seinem “Dicionário de Música” schreibt.

Man nimmt an, dass das Erdbeben von Lissabon im Jahre 1755, das die Musikbibliothek des königlichen Palasts verwüstete, die Ursache für das Verschwinden seiner Kompositionen und seiner unzähligen Werke gewesen war. Von den vorhandenen beglaubigten Kopien könne wir 95 Toccaten oder Sonaten zählen, sowie ein Konzert für Cembalo und Streichorchester in A-Dur, eine Symphonie und eine Ouvertüre, 10 kirchlichen Choral Werke, Responsorien, das Hymne „Tantum Ergo“, der Psalm „Dixit Dominus“ und eine Messe in G-Dur. Es gibt auch ein Konzert für Cembalo und Streichorchester in G-Moll von einem unbekannten Komponist, das nach Auffassung von Gerhard Doderer, Musikwissenschaftler und Orgelspieler, Carlos Seixas zuzuordnen ist weil er glaubt, aufgrund von „gemeinsamen thematischen und formalen Elementen (mit dem Konzert in A-Dur) direkt in Verbindung mit der Umgebung des portugiesischen Meister setzen zu können“.

Carlos Seixas starb in Lissabon im Alter von nur 38 Jahren nach eine „rheumatische Erkrankung und nachfolgende bösartige Fieber“ wie Barbosa Machado berichtet.

Otto Solano
Februar 2012


Discografia / Diskographie:

Concerto em Lá menor para cravo e orquestra de cordas
János Sebestián, cravo
Orquestra de Câmara F. Liszt, Dir. János Rolla
Strauss/Portugalsom

Sonatas e Minuetos para instrumentos de tecla
Cremilde Rosado Fernandes, clavicórdio
Philips (Polygram)

Sonatas para cravo
Cremilde Rosado Fernandes, cravo
Portugalsom

Missa em Sol maior
Dixit Dominus
Tantum ergo
Sonatas para orgao nos. 48,75 e 76
Solistas: Ana Ferraz, soprano
Luis Madureira, tenor
Ketil Haugsund, orgão
Coro de Câmara de Lisboa
Orquestra Barroca Norueguesa, Dir. Ketil Haugsund
Virgin Classics


Bibliografia / Bibliographie:

Macário Santiago Kastner: 
Carlos Seixas
Coimbra Editora, 1947

J.M.Pedrosa Cardoso:
Carlos Seixas
Coimbra, Imprensa da Universidade, 2004

Rui Vieira Nery e Paulo Ferreira de Castro:
História da Música
Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1991

Ruy Vieira Nery:
A Música no Ciclo da “Biblioteca Lusitana”
Fundação Calouste Gulbenkian, 1984

Tomás Borba e Fernando Lopes Graça:
Dicionário de Música
Edições Cosmos, 1958



Otto Solano
schrieb auf Novacultura zuletzt über
Francisco de Lacerda