angola . brasil . cabo verde . guiné-bissau . moçambique . portugal . são tomé e príncipe . timor lorosae

Felipe Tadeu é jornalista especializado em música brasileira, produtor do programa radiofônico Radar Brasil (Rádio Darmstadt). Radicado na Alemanha desde 91, o autor é também conhecido como DJ Fila. Na novacultura assina a coluna »o som do brasil«


 

 

Celebrando os gênios da música brasileira em Frankfurt

Ciclo de palestras estreia com casa cheia. Próximo encontro em abril

Felipe Tadeu, 28.03.2010

, zuletzt modifiziert von nova cultura! am 25.03.2011 um 07:29

Acho que as pessoas gostaram mesmo. Para mim foi emocionante: primeiro porque o tema da estreia do ciclo de palestras sobre os grandes nomes da música do Brasil foi Milton Nascimento. Segundo porque eu estava cercado de gente competente, como os alemães Mirien Carvalho (tradutora), Daniel Tochtermann (guitarrista) e Jan Beiling (saxofonista). Fizemos, dessa vez em quarteto, aquilo que volta e meia pratico desde o dia em que escutei Bituca cantando “Fé Cega, Faca Amolada” (Milton & Ronaldo Bastos), nos idos de 1975. Oferenda.




O Consulado Brasileiro de Frankfurt abriu suas portas na noite de 26 de fevereiro para que pudéssemos praticar a cidadania de uma forma pelo menos tão sublime quanto votar para presidente. Recebendo-nos com carinho e espontânea motivação, toda a equipe dirigida pelo Embaixador Cézar Amaral contribuiu substancialmente para que o evento fosse o sucesso que foi. A noite promovida pelo CCBF, o Centro Cultural Brasileiro em Frankfurt, atraiu cerca de 80 espectadores para a nossa palestra bilíngue (português-alemão), que contou ainda com um set de música ao vivo e a exibição em dvd de um show memorável de Milton Nascimento ao lado de Wagner Tiso, num filme produzido para a televisão suíça.

Os 75 minutos que previ para explanar sobre esse artista magnífico, que começou sua carreira já aos 13 anos, foram, claro, insuficientes. Ainda que tenha me concentrado na fase que considero a mais luminosa de Bituca, cobrindo o período que vai de seu nascimento em 1942 até 1980, havia realmente muito para contar. Levando-se em consideração também que a tradução para o alemão era feita consecutivamente (eu falava dois minutos e parava, para que Mirien vertesse o discurso com eficiência), dá para se ter ideia do grau de objetividade que tivemos que seguir, deixando muitos fatos significativos da vida de Milton Nascimento fora da pauta.

Quando apresentei a Susanne Lipkau o projeto da série de palestras, tínhamos ciência da urgência de um evento como esse. A meta é despertar o interesse dos alemães e dos não-brasileiros da Alemanha para que conheçam melhor a música que se faz no Brasil desde os tempos de Pixinguinha (ele, que é ícone do choro e um dos fundadores do samba), proporcionando também aos brasileiros radicados na Alemanha um reencontro com a sua música - esse biotônico fontoura que tanto nos revitaliza como identidade nacional. Pois para mim é certo: se a música é a atividade mais elevada da espécie humana, então o Brasil tem mesmo do que se orgulhar, e carece de revelar ao mundo inteiro o que ele é capaz de fazer com o cavaquinho e o escambau. Afinal, temos mesmo que honrar o legado cultural que nos deram índios, africanos e portugueses, como quem protege a biodiversidade da fauna e da flora que conhecemos da terra Brasil. Até porque somos uma peculiar síntese do mundo.

A história de Milton Nascimento é a história de um Brasil que continua dando certo: o da música. Ainda que haja tanta bijuteria barata sendo vendida por aí, como se não passássemos de uma republiqueta sertaneja que cultua rodeios como esplendor civilizatório, vale lembrar que estamos aqui interessados em outros folguedos. Pois somos mesmo é do clã do Djavan, de Adoniran Barbosa, de Jacob do Bandolim, de Rita Lee e Luiz Gonzaga, bem como de Egberto Gismonti, Céu, Luiz Melodia, Cartola, Tom Jobim e Alceu Valença.

Agora estamos em fase de preparação da segunda palestra. Dessa vez o tema é




Sim, o Buarque de Hollanda. No dia 23 de abril vamos nos reunir de novo, alemães, brasileiros, latinos e escandinavos, africanos e asiáticos, na sala de eventos do Consulado de Frankfurt, todos participando da celebração a um dos maiores artistas do nosso século. O grande compositor e cantor, o autor teatral, o romancista, o eterno democrata Chico Buarque.

A entrada é franca. Paratodos.

Back


comentários / kommentare

29.03.2010

petra - TFM

Oi Felipe, também descobri a música da Céu só nas últimas semanas e estou gostando muito.

28.03.2010

eliszabeth dorazio

Felipe,
Eu, como artista brasileira fora do meu país, tinha tanta sede de algo mais intelectualizado relativo às minhas origens.
Muito obrigada!