Maravilhas musicais de 2007

Felipe Tadeu, 27.11.2007

O ano de 2007 já está chegando às últimas, e nada mais vulgar do que
olharmos para trás, tentando lembrar o que rolou no período. Eu, particularmente, fiquei em transe ao conhecer dois discos que considero verdadeiras obras-primas deste tempo: o álbum "Zamazu", do pianista cubano Roberto Fonseca, e o disco de estréia da cantora brasileira (de São Paulo) Céu.

Roberto Fonseca entrou na minha casa por puro instinto. Nunca tinha ouvido
falar do músico, nem costumo andar rastreando o que rola de bom na música de Cuba. ( Mierda, no tengo tiempo para tantos placeres!!). Mas a gravadora Enja sugeriu que eu conhecesse o disco, e como eu costumo gostar muito de Robertos (Carlos, Dinamite, Marley, Dylan, Cray), aceitei a proposta. E fiquei chapado logo na primeira audição, porque o pianista compõe melodias encantadoras, sem se deixar escravizar pela técnica. É um virtuose nos teclados, mas não cobra caro da nossa paciência, tocando limpo, direto, com o peito aberto. Não me fiz de rogado, porque quando gosto de alguém, eu digo mesmo na boa, "eu amo", alto, pra todo mundo saber (ou questionar) o que é bom. Fiz um artigo para a revista Jazzthetik, com direito à entrevista com Roberto Fonseca, e a força do álbum "Zamazu" brilhou de novo, pois a matéria foi capa da publicação. Roberto Fonseca é uma das maravilhas que 2007 me apresentou.

A outra é Céu. Cantora nascida em São Paulo, cidade fascinante também em
termos musicais. A primeira vez que a ouvi cantando foi numa loja de discos esperta, lá no Rio de Janeiro, a Tracks, na Gávea. Entrei para revirar os discos da loja (que é uma das três melhores do Rio), e o garoto que estava lá foi com a minha cara, e perguntou se eu conhecia a Céu.
Disse pra ele que morava na Alemanha, que estava de férias na minha cidade natal, e que sabia que Céu tinha cantado dois dias antes no Centro Cultural Sérgio Porto, a vinte metros da casa onde estava hospedado. Mais dela eu ainda não sabia. Eu vacilei e não fui assistí-la no "Humaitá Pra Peixe", o interessante projeto que Mr. Levinson organiza nos janeiros da cidade. Pois bem, o carinha da Tracks tocou uma faixa e me mostrou o disco (a cantora é uma gata, nossa!).



Aí vi que ela cantava "Concrete Jungle", para mim a melhor composição de Bob Marley, orixá jamaicano. Percebi no ato que Céu era uma cantora ambiciosa, que sabia das coisas. Um desses artistas que só São Paulo sabe oferecer pra gente.

Isso aconteceu em 2005, mas o disco mesmo eu só fui ouvir na íntegra este
ano, graças à Clélia, uma amiga da minha sogra. Cara, fiquei alucinado com a Céu: voz envolvente, canções muito bem compostas & arranjadas, um som moderno, sem ser bestinha. Eu sei que Céu está na moda entre as mentes que se acham "inteligentes" no Brasil, mas a garota é mesmo maravilhosa cantando, vou fazer o quê, a não ser admirar e buscá-la no meu jornalismo? Tive a chance de entrevistá-la para a mesma Jazzthetik, Michael Kegler tratou de fazer mais uma tradução perfeita para uma cantora que me parece perfeita, e agora é esperar só mais um pouquinho, porque parece que Céu vem cantar na Alemanha. No verão. Quer mais?

Roberto Fonseca & Céu. O ano de 2007 está sendo mesmo muito interessante.

Back

Tweet